Final de temporada, e os produtores de LOST conseguiram o que parece bom a todos (telespectadores e produtores): Dar respostas ao público, e manter todo o suspense e mistério de LOST para mais três temporadas que prometem muito. É impressionante como esta história é rica em todos os seus componentes. Embora todos estejam esperando TODAS as respostas, ou curiosos para saber como os idealizadores deste sucesso chamado LOST irão concluir esta obra, a cada episódio temos mensagems muito interessantes sobre a VIDA de um modo geral (relacionamentos, medo, fé, poder, coragem, etc).
Assistir filmes, novelas, séries, teatro, e etc… são as maneiras que encontramos de brincar com a realidade, criando fantasias ou tentando passar algum tipo de experiência sobre o complexo ato de “viver”. Particularmente as encenações que conseguem de fato expressar algo positivo a respeito disso tudo, sempre são lembradas e indicadas a terceiros. Filmes e livros ficam marcados por conseguirem tocar em algum ponto a vida de pessoas, e com LOST não é diferente… A capacidade dos autores de explorar pontos tão “reais” da vida em uma série de ficção, é realmente de tirar o chapéu!

A fórmula de não termos um protagonista herói o tempo todo, ou um bandido que é o tempo todo mentiroso e perverso, é apenas um ingrediente desta trama que traz inúmeros mocinhos e bandidos que constantemente trocam de lugar. Isto é o que mais me chama a atenção em LOST. Todas as pessoas tem o seu valor, e todos nós podemos cometer erros e acertos também! Desde o início os autores de LOST se preocuparam em mostrar a história de cada um dos sobreviventes que a série iria explorar… com certeza, por uma questão de tempo, não daria para contar a história de TODOS, mas o recado foi passado: “Um vôo normal, onde estavam pessoas normais, e onde cada um tem sua vida.. sua história para contar”. Embora tenham retirado rapidamente o Paulo (Rodrigo Santoro) da série, fizeram questão de contar a história do casal e ainda disseram: “Se não o fizéssemos, não seria LOST”.

John Locke, que muitos telespectadores gostam, já cometeu erros. E embora pareça uma pessoa boa, e queiramos acreditar que esteja fazendo a coisa certa explodindo o submarino e “matando” Naomi (não necessariamente era preciso matá-la para impedí-la de fazer a ligação), assumiu o erro quando desceu com Desmond até a escotilha para impedir Eko de digitar os números. O próprio Jack que não acreditava em nada, e que achava que não estava na ilha por um motivo, termina a temporada dizendo que eles (Jack e Kate) não deveríam ter saído, e que deveríam voltar!
O próprio Ben, totalmente manipulador e dissimulado, autor de uma mentiras e mentiras, parecia ao final desta temporada estar dizendo a verdade e tentando proteger a ilha (e consequentemente os que ali estavam), de pessoas que podem chegar com os mais diversos interesses. Não podemos esquecer que Ben foi o responsável pela morte dos integrantes da Dharma, e que despois disso isolou a ilha, não permitindo comunicação. Imaginem que o pessoal da Dharma inclusive, não conseguiram por todo este tempo chegar até a ilha, e que quando isto acontecer…..
Sawyer que era tido como egoísta, que não se preocupava com ninguém a não ser ele próprio, foi o responsável por inúmeros atos de companheirismo e espírito coletivo. E neste último episódio temos em um acontecimento, este contraponto mocinho-bandido explícito na cena de Jack na ponte. O que parece um ato de heroísmo (e não deixa de ser), também tem um lado de “obrigação”, pois o acidente aconteceu por sua culpa.
A participação de Rose e Bernard (que são personagens bastante ricos em suas histórias, e já estavam ficando esquecidos), Charlie, o “solucionador” Hurley, Rosseau, Jin, etc. O fato de Bernard ter acertado os explosivos na barraca, e Jin não, é mais uma prova do compromisso de LOST desde o início com sua linha essencial: “Todos podem errar e acertar”. Não é porque você não faz parte do estereótipo padrão do herói, que você não possa ser um!
Por último gostaria de salientar o quanto nossos objetivos são fundamentais para nossas decisões de qual caminho seguir… o acidente criou vínculos e experiências que mudaram totalmente o curso na vida de cada sobrevivente. E Jack por exemplo, no momento que estava fora da ilha, resgatado e de volta a civilização, não dava mais o mesmo valor aquilo. O curso de sua vida já havia mudado de direção, e seu envolvimento ficaram nos fatos não resolvidos da ilha. Achei muito interessante esta transposição.